quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Itália - Trento


"Existem saudades que sabem rir.
São as minhas preferidas.
Algumas, nascem sabendo.
Outras aprendem, depois de transformar o choro.

Como borboletas, voam pelos jardins da memória,
abraçam as lembranças mais viçosas,
e saboreiam o néctar, sempre disponível,
das alegrias perenes."


Ana Jácomo

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Amarela!

Linda seus olhos castanhos, seus cabelos cor de chocolate.
Uma voz macia e o jeito, o mais meigo que já se viu.
Assim é ela, a menina de saia amarela.
Para todo o canto que ela vai, de longe, bem de longe, se vê.
Um dia está de amarelo, no outro também.
Seu nome, ninguém tem. Seu rosto só criança conhece.
Adulto nem vê.... Será que ela é fada? Será que é princesa? O que será que ela é?

Num dia de sol, com céu bem azul. Basta olhar na janela e lá ela está. Na rua, passeia.
A blusa é vermelha. Sozinha ela vai.
Cadê sua mãe? Onde estará seu papai?
Na rua ela mora, no escuro ela chora. Ela quer brincar.

De saia amarela, olha, lá vem ela. Será que comigo ela vai falar?
É tão pequenina, tão forte a emoção que passa no olhar.
Sorriso no rosto, joelhos bem sujos, os pés estão descalços, os dedos no chão.

Onde é que ela mora? O q q ela come? Não tem o q eu tenho. Mas ela sorri.
Já sei o q faço, vou dar um abraço e um brinquedo que é meu. Ela vai gostar?

Olá minha amiga, veja o que eu te trouxe.
Seus olhos só brilham, de blusa vermelha, joelhos sujinhos e saia amarela.
Eu olho pro chão, e seus pés descalços num mágico instante ganham um lindo sapato.
Sua saia amarela ainda está lá. Ela fala comigo, "obrigada amigo". Feliz ela está!

Aprendo na hora. É fada, é princesa quem sabe e quer ser. Não precisa de panos, coroa ou castelo.
Precisa de sonhos, e isso ela tem. A menina de saia amarela.

domingo, 22 de novembro de 2009

Bom dia amigo Sol


Bom dia, amigo Sol! A casa é tua!
As bandas da janela abre e escancara,
- deixa que entre a manhã sonora e clara
que anda lá fora alegre pela rua!

Entre! Vem surpreendê-la quase nua,
doura-lhe as formas de beleza rara...
Na intimidade em que a deixei, repara
Que a sua carne é branca como a Lua!

Bom dia, amigo Sol! É esse o meu ninho...
Que não repares no seu desalinho
nem no ar cheio de sombras, de cansaços...

Entra! Só tu possuis esse direito,
- de surpreendê-la, quente dos meus braços,
no aconchego feliz do nosso leito!...

( Poema de JG de Araujo Jorge extraído do livro
Eterno Motivo; - Prêmio Raul de Leoni,
da Academia Carioca de Letras - 1943 )

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Croácia - Dubrovinick


"(...)Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta,
que hoje, eu me gosto muito mais porque me entendo muito mais também...
E que a atitude de recomeçar é todo dia, toda hora..
É se respeitar na sua força e fé, é se olhar bem fundo até o dedão do pé...
Eu apenas queria que você soubesse que essa criança brinca nesta roda e não teme o corte das novas feridas pois tem a saúde que aprendeu com a vida..."
Estrangeiro

Estranho, como de repente
o que era a minha vida, ou o que eu julgava que era
não faz sentido mais ...

Tenho a alma daquele imigrante em terra estranha
a carregar sozinho seus pensamentos
em meio à algazarra do cais...

Antes de ti
a vida era um velho roteiro, rotina
comum...

Agora, quando venho de teus braços
estou no Paraíso...

E estou sempre chegando a lugar nenhum...