quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Livro do Desassossego - Fernando Pessoa

“O coração, se pudesse pensar, pararia.”



“...não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram.”


“É uma vontade de não querer ter pensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo e da alma. É o sentimento súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se só a cela é tudo?”


“A solidão desola-me. A companhia oprime-me. A presença de outra pessoa desencaminha-me os pensamentos.”


“Há momentos em que tudo cansa, até o que nos repousaria.”


“Mais terrível do que qualquer muro, pus grades altíssimas a demarcar o jardim do meu ser, de modo que, vendo perfeitamente os outros, perfeitissimamente eu os excluo e mantenho outros.”


“Dá-se em mim uma suspensão da vontade, da emoção, do pensamento, e esta suspensão dura magnos dias. (...) Nesses períodos de sombra, sou incapaz de pensar, de sentir, de querer. (...) Não posso; é como se dormisse e os meus gestos, as minhas palavras, os meus atos certos, não fossem mais que uma respiração periférica, instinto rítmico de um organismo qualquer.”


“O oráculo que disse “Conhece-te” propôs uma tarefa maior que as de Hércules e um enigma mais negro que o da Esfinge.”


“Da nascença à morte, o homem vive servo da mesma exterioridade de si mesmo que têm os animais.”


“Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha."



“Não sei de prazer maior, em toda a minha vida, que poder dormir. O apagamento integral da vida e da alma, o afastamento completo de tudo quanto é seres e gente, a noite sem memória nem ilusão, o não ter passado nem futuro.”


“O meu desejo é fugir. Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao que amo. (...) Quero não ver mais estes rostos, estes hábitos e estes dias.”


“Eu mesmo, que sufoco onde estou e porque estou, onde respiraria melhor, se a doença é dos meus pulmões e não das coisas que me cercam?”


“Sou qualquer coisa que fui. Não me encontro onde me sinto e se me procuro, não sei quem é que me procura. Um tédio a tudo amolece-me. Sinto-me expulso da minha alma.”


“Sou uma prateleira de frascos vazios.”


“Sou uma espécie de carta de jogar, de naipe antigo e incógnito, restando única do baralho perdido. Não tenho sentido, não sei do meu valor, não tenho a quem me compare para que me encontre, não tenho a que sirva para que me conheça.”


“Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos – a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo.”


“Meu coração dói-me como um corpo estranho. Meu cérebro dorme tudo quanto sinto.”


“Minhas pálpebras dormem, mas não eu.”


“Parece-me que sonho cada vez mais longe, que cada vez mais sonho o vago, o impreciso, o invisionável.”


“A alma humana é um abismo escuro e viscoso, um poço que se não usa na superfície do mundo”


“No baile de máscaras que vivemos, basta-nos o agrado do traje, que no baile é tudo. Somos servos das luzes e das cores, vamos na dança como na verdade...”


“Sou os arredores de uma vila que não há. (...) Sou uma figura de romance por escrever.”


“A liberdade é a possibilidade de isolamento. (...) Se te é impossível viver só, nasceste escravo.”


“...certas personagens de romance tomam para nós um relevo que nunca poderiam alcançar os que são nossos conhecidos e amigos, os que falam conosco e nos ouvem na vida real.”


“...como tudo dói se o pensamos como conscientes de pensar, como seres espirituais em que se deu aquele desdobramento da consciência pelo qual sabemos que sabemos!”


“A condição essencial para ser um homem prático é a ausência de sensibilidade (...). A arte serve de fuga para a sensibilidade que a ação teve que esquecer.”


“O poema que eu sonho não tem falhas senão quando tento realizá-lo.”


“Dói-me o universo porque a cabeça me dói.”


“A memória, afinal é a sensação do passado... e toda sensação é uma ilusão.”


“Fechos subitamente portas dentro de mim, por onde certas sensações iam passar para se realizarem.”


“A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final.”


“Há qualquer coisa de longínquo em mim neste momento. Estou de fato à varanda da vida, mas não é bem desta vida. (...) Sou todo eu uma vaga saudade, nem do passado, nem do futuro: sou uma saudade do presente, anônima, prolixa e incompreendida.”


“Errei sempre os gestos que ninguém erra; o que os outros nasceram para fazer, esforcei-me sempre para não deixar de fazer. Desejei sempre conseguir o que os outros conseguiram quase sem o desejar. Entre mim e a vida houve sempre vidros foscos: não soube deles pela vista, nem pelo tato; nem a vivi essa vida ou esse plano, fui o devaneio do que quis ser, o meu sonho começou na minha vontade...”


“Mas nem a dor humana é infinita, pois nada há humano de infinito, nem a nossa dor vale mais do que ser uma dor que nós temos.”


“O maior domínio de si próprio é a indiferença por si próprio.”


“A humanidade, que é pouco sensível, não se angustia com o tempo, porque sempre faz tempo; não sente a chuva senão quando lhe cai em cima.”


“Amanhã também eu – a alma que sente e pensa, o universo que sou para mim – sim, amanhã eu também serei o que deixou de passar nestas ruas (...) E tudo quanto faço, tudo quanto sinto, tudo quanto vivo, não será mais que um transeunte a menos na quotidianidade de ruas de uma cidade qualquer.”

Assisti e indico

Assisti, amei e indico. Mas saiba que vais chorar.
Adolescentes, Amanda (Liana Liberato) e Dawson (Luke Bracey) se apaixonam. O pai da garota não aprova o relacionamento e, com o passar do tempo, os jovens acabam se afastando e tomando rumos diferentes. Duas décadas mais tarde um funeral faz com que os dois (Michelle Monaghan e James Marsden) voltem à cidade natal e se reencontrem. É o momento de ver se os sentimentos persistem e avaliar as decisões que tomaram na vida.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Vamos ajudar nosso cérebro e , também nosso corpo?

Os seres humanos são naturalmente distraídos - ainda mais em tempos de internet e smartphones. Para ajudar você a melhorar a sua capacidade de concentração no trabalho e nos estudos, EXAME.com reuniu observações da neurociência sobre o funcionamento do seu cérebro.

1. Escute música (mas não a sua favorita)
Além de bloquear ruídos do ambiente, ouvir música pode ajudar a trazer relaxamento e concentração. Segundo Carla Tieppo, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, é melhor ouvir um repertório que você já conheça. Isso porque o seu cérebro pode se distrair tentando avaliar uma música totalmente nova para ele.
Antes de montar a sua playlist também vale outro cuidado: não escolha nada que você adore - ou deteste. Pesquisadores de Taiwan descobriram que sentimentos excessivamente positivos ou negativos pela "trilha sonora" tiram o foco do trabalho. O melhor a fazer é escolher músicas às quais você seja um tanto indiferente.

2. Permaneça alimentado e hidratado
Ter sempre algo no estômago é essencial para manter a concentração nos estudos. Não precisa ser nada muito substancioso, recomenda a professora Carla. Basta um suco ou uma fruta entre as principais refeições. O importante é fornecer ao seu organismo energia suficiente para o trabalho.
Água também é essencial para manter o cérebro funcionando a todo o vapor. Um experimento feito por pesquisadores ingleses mostrou que pessoas com sede demoram mais tempo para completar tarefas do que aquelas que estão bem hidratadas.

3. Movimente-se
Fazer exercícios físicos regularmente não é importante apenas para ter uma vida mais longa e saudável. De acordo com um estudo da University of Illinois, a prática aeróbica pode desenvolver partes do cérebro ligadas à atenção e à memória.
Em pouco tempo, os benefícios já podem ser sentidos. Segundo um pesquisador ouvido pela ABC News a rapidez de processamento de informações aumenta após meia hora de exercícios moderados, como uma caminhada na esteira.

4. Procure meditar (Orar)
Em tempos de excesso de informações e estímulos, esvaziar a mente pode ser difícil - mas os benefícios são imensos para a suas funções cognitivas.
A análise do córtex cerebral de praticantes de meditação, dizem pesquisadores americanos, mostra que a prática aumenta a capacidade de fixar a atenção, além de favorecer a memória e facilitar a tomada de decisões.

5. Durma o suficiente
Pessoas que dormem pelo menos sete horas por noite têm atividade cerebral significativamente superior à daquelas que passam menos tempo na cama, afirmou o médico norte-americano Daniel Amen à revista Men's Health.
Tirar sonecas também pode ajudar a concentração durante o dia. Segundo um estudo conduzido por pesquisadores australianos, jovens adultos que dormem por 90 minutos depois do almoço experimentaram ganhos em memória e capacidade de aprendizado.

6. Escreva à mão
A onipresença da tecnologia leva muita gente a esquecer o papel e a caneta. Mas existe uma grande vantagem em anotar suas ideias usando o velho método. Segundo pesquisadores das universidades de Princeton e da Califórnia, quem escreve informações à mão tem mais facilidade de compreendê-las e memorizá-las do quem as digita. O motivo? O processamento de dados ocorre de forma mais superficial ao se usar o teclado, diz o estudo.

7. Faça intervalos
De acordo com a professora Carla Tieppo, da Santa Casa, nosso cérebro consegue se fixar num único objeto por no máximo uma hora.
Após esse prazo, o mais indicado é fazer uma pausa de até dez minutos para levantar e tomar um café. A bebida, aliás, tem um benefício extra: ingerir cerca de 230 mL de café diminui a suscetibilidade às distrações, dizem pesquisadores austríacos.

Fonte: Exame

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Você é HANDS ON?

Vi um anúncio de emprego. A vaga era de “Gestor de Atendimento Interno”, nome pomposo que agora se dá à “Seção de Serviços Gerais”. E a empresa exigia que os interessados possuíssem - sem contar a formação superior - liderança, criatividade, energia, ambição, conhecimentos de informática, fluência em inglês e não bastasse tudo isso, ainda fossem HANDS ON.

Para o felizardo que conseguisse convencer o entrevistador de que possuía essa variada gama de habilidades, o salário era um assombro: 800 reais. Ou seja, um pitico.

Não que esse fosse algum exemplo fora da realidade. Ao contrário, é quase o paradigma dos anúncios de emprego. A abundância de candidatos permite que as empresas levantem cada vez mais a altura da barra que o postulante terá de saltar para ser admitido. E muitos, de fato, saltam. E se empolgam. E aí vêm as agruras da super-qualificação, que é uma espécie do lado avesso do efeito pitico…

Vamos supor que, após uma duríssima competição com outros candidatos tão bem preparados quanto ela, a Fabiana conseguisse ser admitida como gestora de atendimento interno.. E um de seus primeiros clientes fosse o seu Borges, Gerente da Contabilidade.

Seu Borges: — Fabiana, eu quero três cópias deste relatório.
Fabiana: — In a hurry!
Seu Borges: — Saúde.
Fabiana: — Não, Seu Borges, isso quer dizer “bem rapidinho”. É que eu tenho fluência em inglês. Aliás, desculpe perguntar, mas por que a empresa exige fluência em inglês se aqui só se fala português?
Seu Borges: — E eu sei lá? Dá para você tirar logo as cópias?
Fabiana: — O senhor não prefere que eu digitalize o relatório? Porque eu tenho profundos conhecimentos de informática.
Seu Borges: — Não, não.. Cópias normais mesmo.
Fabiana: — Certo. Mas eu não poderia deixar de mencionar minha criatividade. Eu já comecei a desenvolver um projeto pessoal visando eliminar 30% das cópias que tiramos.
Seu Borges: — Fabiana, desse jeito não vai Dar!
Fabiana: — E eu não sei? Preciso urgentemente de uma auxiliar.
Seu Borges: — Como assim?
Fabiana: — É que eu sou líder, e não tenho ninguém para liderar. E considero isso um desperdício do meu potencial energético.
Seu Borges: — Olha, neste momento, eu só preciso das três cópias.
Fabiana: — Com certeza. Mas antes vamos discutir meu futuro… Seu Borges: — Futuro? Que futuro?
Fabiana: — É que eu sou ambiciosa. Já faz dois dias que eu estou aqui e ainda não aconteceu nada.
Seu Borges: — Fabiana, eu estou aqui há 18 anos e também não me aconteceu nada!
Fabiana: — Sei. Mas o senhor é hands on?
Seu Borges: — Hã?
Fabiana: — Hands on….Mão na massa.
Seu Borges: — Claro que sou!
Fabiana: — Então o senhor mesmo tira as cópias. E agora com licença que eu vou sair por aí explorando minhas potencialidades. Foi o que me prometeram quando eu fui contratada.

Então, o mercado de trabalho está ficando dividido em duas facções:

1 - Uma, cada vez maior, é a dos que não conseguem boas vagas porque não têm as qualificações requeridas.

2 - E o outro grupo, pequeno, mas crescente, é o dos que são admitidos porque possuem todas as competências exigidas nos anúncios, mas não poderão usar nem metade delas, porque, no fundo, a função não precisava delas.

Alguém ponderará - com justa razão - que a empresa está de olho no longo prazo: sendo portador de tantos talentos, o funcionário poderá ir sendo preparado para assumir responsabilidades cada vez maiores.

Em uma empresa em que trabalhei, nós caímos nessa armadilha. Admitimos um montão de gente super qualificada. E as conversas ficaram de tão alto nível que um visitante desavisado confundiria nossa salinha do café com a Fundação Alfred Nobel.

Pessoas super qualificadas não resolvem simples problemas!

Um dia um grupo de marketing e finanças foi visitar uma de nossas fábricas e no meio da estrada, a van da empresa pifou. Como isso foi antes do advento do milagre do celular, o jeito era confiar no especialista, o Cleto, motorista da van. E aí todos descobriram que o Cleto falava inglês, tinha informática e energia e criatividade e estava fazendo pós-graduação….. só que não sabia nem abrir o capô. Duas horas depois, quando o pessoal ainda estava tentando destrinchar o manual do proprietário, passou um sujeito de bicicleta. Para horror de todos, ele falava “nóis vai” e coisas do gênero. Mas, em 2 minutos, para espanto geral, botou a van para funcionar. Deram-lhe uns trocados, e ele foi embora feliz da vida.

Aquele ciclista anônimo era o protótipo do funcionário para quem as empresas modernas torcem o nariz:  O QUE É CAPAZ DE RESOLVER, MAS NÃO DE IMPRESSIONAR.

Por:  Max Gehringer 

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Superação

Um novo dia nasceu, estamos em pleno verão,
Borbulhar de um tempo acalorado, instável
Pressinto chuva torrencial de pensamentos,
Sinto falta de algo e não sei definir o quê
Meu interior  está expondo ansiedade
A falta de carinho já impossível.

Saio de casa, dirijo meu carro,
Levo um susto no trânsito parado,
Outro motorista, talvez distraído como eu,
Deu um toque no para-choque,
Coisa pequena, mas quase serviu para eu voltar ao mundo.

Quero me superar, 
Nada material, sim espiritual,
Com flashes na minha mente,
Me recordo de fatos que me reviram profundamente
Ao ponto de querer te abraçar, de querer sentir não o calor do verão,
Mas o seu calor provocante.

(Por Arlety Amorim e Sadaji Yoshioka)

92% dos universitários preferem livro impresso.

Uma recente pesquisa da American University, em Washington DC, Estados Unidos, mostra que mesmo hoje, com a possibilidade de leitura em várias plataformas digitais, como smartphones e tablets, e a forte presença dessa tecnologia na vida dos jovens, o livro de papel segue firme e forte entre os estudantes universitários

Se você é um leitor voraz, com certeza deve conhecer o prazer sem igual que é segurar um livro de papel em suas mãos e se deixar levar pela história impressa nele. Você não está sozinho nisso.

Uma recente pesquisa da American University, em Washington DC, Estados Unidos, mostra que mesmo hoje, com a possibilidade de leitura em várias plataformas digitais, como smartphones e tablets, e a forte presença dessa tecnologia na vida dos jovens, o livro de papel segue firme e forte entre os estudantes universitários, no que se refere a preferência.

Naomi Baron, professora de linguística da universidade, descobriu que 92% dos universitários preferem os livros impressos aos digitais para leituras sérias. A pesquisa é parte do novo livro de Baron, Words Onscreen: the Fate of Reading in a Digital World ("palavras na tela: o destino da leitura no mundo digital", em português). Ela e sua equipe entrevistaram 300 estudantes de países como EUA, Japão, Alemanha e Eslováquia.

Segundo a professora, a atividade da leitura no papel tem componentes singulares, como o "físico, tátil e cinestético". (Cinestesia é o sentido que nos diz quando partes do corpo se movem.). "Nos dados eslovacos, quando eu perguntei o que 'você' mais gosta nas cópias impressas, um em cada dez falaram sobre o cheiro dos livros", disse Baron, em entrevista à New Republic. Outra característica apontada pelos estudantes foi a sensação de realização ao concluir um livro e vê-lo na estante.

Mas por que a geração digital ainda prefere o livro de papel? "Há dois grandes problemas", disse a professora, na mesma entrevista. "O primeiro é que eles dizem se distrair [facilmente], se afastar para outras coisas. O segundo tem a ver com o cansaço nos olhos, dores de cabeça e desconforto físico."

"Um argumento que os estudantes deram a favor da mídia eletrônica é a preservação do meio ambiente. Mas essa é uma coisa difícil de se medir bem. Se você lê 400 livros no tempo de vida útil do seu kindle, ele foi eficiente à energia? Provavelmente", explicou.

"Mas há a questão de energia e reciclagem. Onde esses dispositivos são reciclados? Quem faz a reciclagem? Que tipo de equipamento de proteção eles têm? E sobre toda madeira que usamos para [fazer] o papel - nós sempre tivemos maneiras criativas de usar lascas de madeira ou outras coisas para fazer papel." O digital, entretanto, não foram jogados para escanteio. As novas plataformas são as preferidas para leituras de forte aspecto visual ou notícias. (16/02/2016)

Fonte: Portal Revista Exame